Porto Alegre - Manaus parte 3

Mesmo ficando apenas uma semana em Manaus parece que dá pra escrever um tratado, isso na realidade é possível de fazer sobre qualquer lugar, mesmo sendo um turista que pode não entender uma série de costumes. A questão é que basta olhar para um lugar com olhos curiosos para enxergar muito mais do que se poderia ver aparentemente.

E Manaus não foge à regra, muito pelo contrário, é um lugar super curioso, ainda mais para uma gaúcha, que nunca tinha saído da metade sul do país. Já falei sobre a culinária, os museus, o calor, ressaltando que os museus caberiam em um tratado a parte, tanta riqueza de informações tivemos, acho que deixamos uns três de lado, os outros todos visitamos. Mas agora é hora de contar o que se espera que mais se fale sobre uma viagem à Manaus: a selva Amazônica.

Não chegamos a adentrar muito na selva, mas o suficiente para conhecer um pouco daquilo que tanto nos instiga. Até porque conhecer a selva a fundo já levaria outra semana, mas fizemos o passeio com o kit básico turístico: em um barco seguimos até o Encontro dos Rios, onde os rios Negro e Solimões se encontram, um com águas escuras, devido à quantidade de minério de ferro, o outro marrom, pois antes de chegar ali é bastante veloz, arrastando terra e troncos. Se encontram, porém, não se misturam, também pudemos avistar rapidamente um e outro boto se exibindo, em vários momentos do passeio.

Nesse trajeto vimos o porto de manaus com seus contêineres que não parece ter fim, palafitas que ainda não haviam sido inundadas pelo nível do rio, curiosos postos de gasolina flutuantes (os pontões - que servem macaxeira no café da manhã para os clientes (macaxeira = aipim)), coisas tristes como uma refinaria de petróleo e a zona franca em plena orla. Porém, tudo parece melhorar quando do Encontro das Águas seguimos rio adentro e chegamos em uma comunidade de casas flutuantes.

rio amazonas Em poucos minutos se sai daquele cenário urbano e caótico para a calmaria do rio Amazonas, uma casa flutuante à venda faz a gente pensar como seria bom morar ali, só teríamos que aprender a pescar (só hehehe), tem escola flutuante, um barco que leva os alunos, loja, bar, até uma igreja "deus é amor" flutuante - esse assunto das igrejas é muito curioso, nunca vi tantas igreja (de todos os tamanhos e de todas as "marcas" evangélicas) mas a religiosidade (ou pseudo?) não está apenas nas igrejas, mas por todos os cantos, nas comandas dos restaurantes, nas fachadas dos estabelecimentos com citações bíblicas, nem sei qual a palavra que melhor define nosso espanto, como essa religiosidade invadiu a cultura indígena, que enfraquecida ou não é a predominante na cultura de Manaus, ora pois.

manaus amazonas Voltando às comunidades flutuantes, encontramos até um jardim flutuante, com árvore e plantas. Foi nesse passeio que, como bons turistas, tiramos fotos pescando de brincadeira um pirarucu, seguramos uma sucuri, um jacaré (bebê), um bicho preguiça, almoçamos em um barco flutuante, pescamos piranha (e a devolvemos ao rio) e conhecemos de perto uma vitória-regia, mas sem a flor dos livros de escola, pois ela nasce de noite e de manhã cedo já morre.

rio amazonas Se tivéssemos ido à Manaus na época da seca, quando o rio estaria vários metros mais baixo, muitos desses trajetos, feito através dos igapós (mata alagada) teria sido a pé. Mas devido à cheia do rio, quando os peixes não são tão abundantes como na época da seca, e por isso, os pescadores podem passar semanas em suas embarcações em busca da sobrevivência, navegávamos tranquilamente, enxergando as copas das árvores e não querendo que o passeio terminasse... mas terminou e voltamos ao calor e ao barulho de Manaus. Quem sabe um dia voltemos a nos encontrar...

passeio barco epoca das cheias

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