Porto Alegre rumo ao Paraguai - Parte 1
O legal de contar uma viagem já percorrida é o fato de exercitar a mente e reviver os acontecimentos. A viagem rumo ao Paraguai iniciou bem antes dela iniciar propriamente dita, pois como ela deveria ser pensada nos mínimos detalhes, devido ao tempo limitado que tínhamos, os imprevistos deveriam ser evitados ao máximo. Toda essa organização valeu, pois conseguimos seguir todo o roteiro.
Por volta das 17h, saía da rodoviária o ônibus para Derrubadas e não fosse a gentileza da proprietária do hotel em que estávamos, poderíamos ter ficado aquela noite pelas ruas de Derrubadas. Ela ligou para os campings para que não chegássemos lá sem ter acomodações vagas, o que estávamos dispostos a encarar, e conferiu que em apenas um deles poderíamos ficar, além de ter nos explicado como chegar até o lugar. Se nós tivéssemos descido do ônibus no centro de Derrubadas, teríamos que caminhar muito, sem saber que o ônibus passava muito perto desse camping onde ficamos.
Depois de sair da área urbana de Derrubadas, o ônibus segue por caminhos inimagináveis, onde o tempo parou, estradas de difícil acesso e a beleza da natureza plena, tão longe, tão perto. Quando chegamos no camping a recepção foi acolhedora e começamos a traçar nossos planos para chegar ao parque estadual do Turvo e conhecer o salto do Yacumã, no dia seguinte. Enquanto isso, sinuca e uma cervejinha para relaxar, mas o temporal estava se aproximando e nossos planos para o dia seguinte precisando de um ajuste... ou não.
No dia 11 de janeiro (ou dia 12?) pegamos o ônibus às 12h que sai da rodoviária de Porto Alegre rumo à Tenente Portela, no caminho, muitas cidades, entre umas cochiladas e outras, o tempo nublado, ameaçando chover, e a paisagem cada vez mais ficando desconhecida. Como as trapalhadas são comuns, já estava apreensiva às 18h, pois achava que a viagem já estava chegando ao final, embora, cada vez entrávamos em mais cidades pequeninas e nada de Tenente Portela, mas ok, eu simplesmente me enganei, a viagem era realmente mais longa e por volta das 21h chegamos a nossa primeira parada.
Nunca faça como nós, achando que por uma cidade ser pequena, basta pedir uma informação e achar que ela é suficiente para encontrar o hotel mais próximo. Quando falam na rua principal, pergunte que rua principal é essa, pois o que pode parecer principal para você nem sempre é a rua principal que o informante se referia. Mesmo assim, chegamos no tal hotel, entre outras poucas opções, as quais já tinha dado uma olhada anteriormente pela Internet que parecia ser o melhor custo benefício, embora com um custo maior do que eu queria gastar, ainda mais na primeira noite. Mas tudo isso é compensando quando se acorda de manhã com um delicioso café da manhã!
Porém, naquela noite mesmo, quisemos conhecer "a noite" de Tenente Portela, sendo que ela se concentra em uma praça, com vários bares e restaurantes ao redor, depois de avaliar qual deles ofereceria o melhor custo benefício optamos pela pizza com cerveja e demos sorte, pois foi a cerveja de litro mais barata de toda a viagem! Depois ficamos curtindo, ali, o movimento da cidade. Na manhã seguinte fomos no museu local e recebemos uma ótima recepção com uma guia contando toda a história de todos os objetos, a maioria que ela própria doou para esse museu que ela mesma iniciou com o projeto, uma entre tantas histórias interessantes.
Mesmo assim, o calor de janeiro já estava no seu auge e na cidade não chovia a mais de um mês. Durante toda a viagem isso foi o que mais nos acompanhou, as notícias da seca pela televisão, e ela própria ao nosso lado, bem como os campos de soja transgênica, que do norte do estado é a paisagem mais comum. A ideia era naquele dia mesmo pegar o ônibus para Derrubadas, onde poderíamos ficar entre um dos dois campings que existem no lugar, as únicas opções de hospedagem, a 18 km de Tenente Portela. Depois do almoço, acompanhamos a população na cesta, o que devem fazer em massa, pois o silêncio desceu sobre a cidade.

